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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sabiá do Campo












O sabiá-do-campo é uma ave passeriforme da família Mimidae. Também conhecida como tejo-do-campo, calhandra, arrebita-rabo, galo-do-campo, papa-sebo, sabiá-levanta-rabo, sabiá-conga ou sabiá-poca, sendo o último nome evitado pelos ornitólogos para não causar confusão com outro sabiá de mesmo nome (Turdus amaurochalinus). O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) é uma ave famosa por seu vasto repertório de cantos, que incluem imitações de outras espécies.

  Características

Mede 26 centímetros e pesa cerca de 73 gramas. Possui uma coloração cinzenta no dorso, alto da cabeça, asas e cauda. O peito e o ventre são branco-amarelados ou arroxeado pela terra. A listra superciliar branca, destacada pela faixa negra na altura dos olhos é uma característica importante para identificação. Os olhos dos adultos são amarelados, marrom escuros nas aves juvenis, as quais também possuem o peito rajado de cinza escuro. Possui a cauda comprida com as pontas de cor branca. A vocalização desta espécie é notável pela maestria com que imitam os cantos e chamados de outras aves, mas sem grande perfeição. Voz: agudo e penetrante “tschrip”, “tschik” (chamada característica da espécie); scha-scha-scha”, “krrrra” bufando (advertência, zanga). Existem duas outras espécies do gênero que ocorrem no Brasil do mesmo gênerro, o sabiá-da-praia (Mimus gilvus), que como o próprio nome diz está restrito ao litoral e pode ser diferenciado por apresentar as partes superiores com coloração cinza e as partes inferiores bem claras, quase brancas. A outra espécie é a calhandra-de-três-rabos (Mimus triurus), que é bem mais clara que o sabiá-do-campo, possui as sobrancelhas brancas, assim como uma faixa na asa, que é bem visível quando a ave está em vôo, especialmente porque a ponta da asa é negra.

  Espécie que não apresenta dimorfismo sexual. Alimentação

São onívoros, alimenta-se principalmente de invertebrados e frutos. Dentre os invertebrados, os insetos (formigas, cupins, besouros) constituem a maior parte das presas. Os frutos podem ser silvestres (neste caso de pequeno tamanho, engolidos inteiros) ou cultivados, como laranja e abacate. Aprecia muito os frutos do Tapiá ou Tanheiro (Alchornea glandulosa). As sementes não são digeridas, e atravessam intactas o tubo digestivo. A ave atua, assim, como dispersora das sementes dos frutos que ingere. A maior parte do alimento é obtida enquanto a ave caminha pelo solo. Outros métodos de alimentação com presas animais são menos freqüentes, como a captura de insetos em vôo a partir de poleiros elevados, ou com saltos a partir do solo. Frutos são coletados pela ave empoleirada; frutos de grande tamanho, cultivados, podem ter parte de sua polpa consumida após caírem ao solo. Ocasionalmente predam ninhos com ovos de outros pássaros. Aproveita-se de gordura e carne em mantas de charque ao sol (daí o nome papa-sebo).

  Reprodução

 O ninho é construído grosseiramente com gravetos secos, grama e algodão, em forma de tijela raza sobre árvores ou arbustos e em certos locais sobre os grandes ninhos abandonados de outros pássaros. O centro do ninho é forrado com material macio. Os ovos são verde-azulados com manchas cor de ferrugem. A fêmea põe de 3 a 4 ovos e, às vezes, choca ovos de outros pássaros. O casal é auxiliado por um terceiro ou quarto indivíduo do bando, que talvez sejam crias de anos anteriores que ajudam na alimentação e proteção. Repelem os outros pássaros das proximidades do ninho. Os ovos eclodem após 12 ou 14 dias e os filhotes abandonam o ninho com 11 a 14 dias de vida. O interior da boca dos filhotes é amarelo-laranja.

  Hábitos

Apresenta uma série de comportamentos, muitos deles pouco entendidos, talvez pela dificuldade de se aplicar um método muito comum de pesquisa, que é o de anilhamento. Algumas pessoas que tentaram anilhar esta ave para estudar seu comportamento desistiram deste recurso pois a ave parece ser tão sensível ao estresse da captura que alguns indivíduos morreram após o anilhamento. Anda pelos campos e cerrados ou parques e terrenos baldios de cidades geralmente em bandos, que podem ter até 13 integrantes. Na porção sul de sua distribuição não forma bandos, e costuma viver em casais. Possui o hábito de erguer as asas semi-abertas de tempos em tempos enquanto anda pelo chão, numa exibição denominada “lampejo de asas”, cuja finalidade não é entendida e que é observada também em outras espécies do gênero. O lampejo pode ser executado também quando a ave se depara com uma ameaça em potencial (humanos próximos demais, serpentes). Apesar de viver em grupos familiares, são muito agressivos entre si e usam os longos bicos e as garras fortes em brigas sem trégua (origem do nome galo-do-campo). Apresenta a caracteristica de ave Sinantrópica, ou seja, pode se adaptar as grandes cidades, desde que estejam disponíveis água e áreas verdes onde eles possam pousar, caçar e fazer ninhos. É um dos melhores imitadores de outras aves na natureza. Alguns indivíduos repetem o canto de até 6 espécies diferentes. Além dessas imitações, usadas na época reprodutiva (julho a dezembro), possui um canto próprio, onde lança mão dos chamados mais graves e agudos característicos, iniciando ou terminando a imitação. Em sua grande obra Ornitologia Brasileira, Helmut Sick cita que as populações de sabiás-do-campo mais ao sul apresentam repertório de vocalização mais rico e melodioso do que as populações mais setentrionais.

  Distribuição Geográfica

Regiões campestres do baixo Amazonas, através do Brasil central, Nordeste, Leste e Sul até o Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia.

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